Eleições na Alemanha: Economia em Crise e a Fuga de Investidores
Com PIB em retração e saída de capitais, o pessimismo econômico molda o cenário político antes das eleições de fevereiro
Os alemães votarão em 23 de fevereiro em meio a um crescimento econômico fraco, que tem ficado atrás dos pares europeus e afetado o humor nacional. No setor corporativo, os altos preços da energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia (e as sanções que se seguiram) prejudicaram o modelo de manufatura orientado para exportação da Alemanha.
Parte desse pessimismo pode ser vista nos fluxos de fundos internacionais acompanhados pela EPFR (como a CEIC, uma empresa da ISI Markets). As saídas totais de ações alemãs chegaram a US$ 7,3 bilhões no ano passado – quase 2% do total de ativos sob gestão (AUM) na Alemanha. Como mostra nosso gráfico, apenas o Reino Unido registrou saídas maiores entre as principais economias europeias.
Nosso terceiro gráfico acompanha o pessimismo contínuo em relação às ações alemãs ao longo dos últimos anos. O último ano de entradas constantes foi 2021; tanto 2022 quanto 2023 começaram positivamente antes de terminar com saídas líquidas de capital. E 2024 nunca chegou a registrar entradas líquidas.
No entanto, 2025 começou de forma positiva. As entradas líquidas acumuladas em fundos de ações atingiram US$ 835 milhões até 11 de fevereiro.
Também podemos ver o desinteresse dos gestores de portfólio internacionais pela Alemanha ao analisar as alocações em diferentes classes de ativos. A participação das ações alemãs nos fundos que investem na Europa, excluindo o Reino Unido, caiu de 25% em março de 2021 para apenas 20% no final de 2024.
Ainda assim, há alguns sinais recentes de otimismo. A participação da Alemanha em três classes de ativos selecionadas (global ex-EUA, Europa e Europa ex-Reino Unido) aumentou cerca de um ponto percentual nos últimos meses de 2024.
Enquanto isso, como mostra nosso gráfico final, o PIB real da Alemanha vem se contraindo de forma anualizada há um ano e meio. O setor industrial, crucial para o país, está em declínio desde junho de 2023.
Diante do pessimismo econômico e das preocupações com a imigração, espera-se amplamente que o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) se torne a segunda força política mais poderosa, atrás apenas dos Democratas-Cristãos. O Partido Social-Democrata do chanceler Olaf Scholz, cujo governo de coalizão colapsou em novembro, pode cair para o terceiro lugar.
Um fim negociado para a guerra entre Rússia e Ucrânia poderia reduzir os preços do gás, melhorar os fundamentos das empresas alemãs e trazer de volta os fluxos de portfólio internacionais. No entanto, o próximo governo em Berlim ainda enfrentará pressão para reduzir a burocracia e melhorar o ambiente de negócios a fim de atrair empresas em crescimento e inovação.
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Fontes: CEIC EPRF Insights – Industry Report.