Crise da Bolívia: escassez de dólares, inflação e queda nas exportações de gás
Crise da Bolívia: escassez de dólares, inflação e queda nas exportações de gás
A Bolívia está no meio de uma crise econômica e política. O declínio da produção de gás natural prejudicou a capacidade do país de ganhar dólares; como resultado, os custos de importação aumentaram, elevando a inflação.
Como mostra nosso primeiro gráfico, a inflação dos preços ao consumidor atingiu uma alta de 16 anos de 9,97% ano a ano em novembro. Um aumento semelhante foi observado para o índice de preços ao produtor (IPP) - uma adição recente ao banco de dados da CEIC.
Bens essenciais importados, como alimentos, medicamentos e combustíveis, agora são escassos; a crise econômica também restringiu a capacidade do governo de subsidiar os custos de combustível dos bolivianos. O governo impôs racionamento no mercado de câmbio, levando a um mercado paralelo para o dólar e a uma queda da taxa de câmbio não oficial para o BOB/USD.
A Bolívia não conseguiu aproveitar o aumento dos preços e da demanda por gás natural em todo o mundo. Suas reservas existentes estão se esgotando e os esforços para aumentar a produtividade ou explorar novos campos de gás têm sido insuficientes para reabastecer os recursos do país.
A Bolívia exporta gás para o Brasil e também costumava enviar gás para a Argentina, mas essas exportações terminaram no ano passado. Enquanto isso, a Argentina tem explorado seus próprios campos de gás natural.
Nosso segundo gráfico mostra o boom e a queda da produção de gás na Bolívia. Medidas em dólares, as exportações de gás natural aumentaram durante os anos 2000 - atingindo o pico durante o governo do ex-presidente Evo Morales, que governou a Bolívia de 2006 a 2019. Morales presidiu o que foi apelidado de "milagre econômico" na época; o produto interno bruto cresceu a uma taxa anual composta de 5%.
Morales reformulou a indústria de gás da Bolívia, adotando restrições ao ponto de produtores estrangeiros sairem do mercado ou interromperem os investimentos em exploração. O governo também baseou seus gastos públicos em cálculos excessivamente otimistas de suas reservas de gás. Depois de se estabilizar de 2012 a 2015, as receitas de exportação de gás diminuíram e o país agora depende de energia importada.
A crise cambial e a inflação estão exacerbando outras dificuldades econômicas. Secas e incêndios atingiram as principais áreas agrícolas no ano passado; nas últimas semanas, houve fortes chuvas, inundações e evacuações nas cidades. O país também testemunhou semanas de agitação no ano passado, quando os apoiadores de Morales protestaram contra sua possível prisão.
O ex-presidente entrou em conflito com seu sucessor (e ex-ministro das Finanças), Luis Arce - que também enfrentou uma tentativa de golpe no ano passado. Arce prometeu melhorar os incentivos para exploradores de gás estrangeiros e disse que a empresa estatal de energia aumentará a produção de um novo campo de gás em 2026.
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Fontes: CEIC EPRF Insights – Industry Report.